ProgramaImagens de Lingnan – Um diálogo cinematográfico entre Hong Kong, Macau, Shenzhen e Guangzhou
Introdução às actividades
Nota dos Curadores
Após as apresentações em Hong Kong, Shenzhen e Guangzhou, o grande final das “Imagens de Lingnan – Um diálogo cinematográfico entre Hong Kong, Macau, Shenzhen e Guangzhou” chega agora a Macau.
Moldados pela interacção das culturas tradicionais de Lingnan, do Norte e do Ocidente, os cinemas de Hong Kong, Macau, Shenzhen e Guangzhou sempre incorporaram diversidade, abertura e hibridismo, à semelhança da confluência de águas doces e salgadas única desta região. Embora o ritmo e a trajectória do desenvolvimento cinematográfico possam diferir entre as quatro cidades, os filmes permaneceram em sintonia com as transformações sociais, culturais, cívicas e económicas da região, interligados de forma indissociável.
Desde o início da reforma e abertura, a Área da Grande Baía de Cantão-Hong Kong-Macau testemunhou uma rápida integração social. Após a Nova Vaga de Hong Kong, a identidade local e a subjectividade do cinema da região tornaram-se cada vez mais pronunciadas, com criatividade a afirmar-se em sucessivas vagas. A partir dos anos 2000, o avanço da tecnologia digital começou a derrubar, gradualmente, barreiras técnicas da produção cinematográfica industrial, para capacitar os jovens cineastas a expressarem-se através de imagens em movimento e a injectar nova vitalidade na criação cinematográfica.
Para além de duas produções de Hong Kong – Pai e Filho e O Homem à Beira do Abismo – e de um filme macaense, Revisita, este festival dedica especial atenção a obras do continente que o público de Macau raramente teve oportunidade de conhecer. Tecendo Vidas e Oito Diagramas retratam as lutas e perplexidades de pessoas comuns arrastadas pela maré da urbanização inicial no Delta do Rio das Pérolas, enquanto Guangzhou se transformava das suas raízes de Lingnan numa moderna cidade de migrantes. Algo em Azul e Estação Húmida exploram o amor, a perda e a busca espiritual de indivíduos no meio das vastas metrópoles de Guangzhou e Shenzhen. Tudo Acerca dos ING e Revisita centram-se na reconciliação e reconstrução no seio das famílias e entre a geração mais jovem, o que demonstra que, tal como ao provar a água, as nuances subtis revelam as verdades profundas.
Duas obras marcantes durante a Era da Nova Vaga de Hong Kong, Pai e Filho e O Homem à Beira do Abismo, caíram no esquecimento nos últimos anos. A primeira partilha uma afinidade com A Time to Live, A Time to Die de HOU Hsiao-hsien (1985) e Cinema Paradiso de Giuseppe TORNATORE (1988), embora as anteceda. A segunda ampliou o âmbito do género policial e deixou uma marca duradoura em filmes posteriores de Hong Kong sobre agentes infiltrados, como Infernal Affairs.
O ano presente assinala o 80º aniversário da vitória na Guerra de Resistência contra a Agressão Japonesa. Para comemorar a ocasião, Académicos Sob Fogo foi escolhido como filme de abertura. O filme narra a história de académicos de Lingnan que perseveraram na administração de escolas durante o tempo de guerra, resistiram com erudição às balas e restauraram a nação através da educação. Realizado por GAN Xiao’er, ele próprio professor universitário, a obra recria o episódio heróico da transferência da Universidade Sun Yat-sen para Pingshi, no norte de Guangdong, há mais de 80 anos, a fim de escapar aos estragos da guerra, ao prestar homenagem aos pioneiros da educação.
Esperamos que aprecie e reflicta atentamente estas “imagens” cinematográficas, de modo a aprofundar a compreensão da região de Lingnan em que habitamos.
Co-Curadores: FENG Yu, LAW Kar