Oito Diagramas
FU Xinhua, residente de longa data nos chamados informais das zonas urbanas, é considerado um cineasta por excelência por retratar as suas histórias. São narrativas ao mesmo tempo absurdas e profundamente realistas, que só poderiam ser contadas pelos “novos cantoneses”, migrantes que nem sequer dominam o cantonês, mas com um tom popular e cheio de graça.
Na véspera do Ano Novo Chinês, um homem perturbado deambula pelas ruas de Cantão, à espera da namorada de outrora; noutro bairro antigo, uma mulher pede esmola com a filha, até que conhecem um homem de meia-idade que as convida para um churrasco e lhes propõe algo inesperado; dois vigilantes de hospital, após ganharem dinheiro no mahjong, resolvem visitar prostitutas num bairro marginal... Esta comédia negra entrelaça três histórias inverosímeis que, no entanto, acontecem, um retrato de desejos humanos, fracassos e momentos de ternura e ilusão.
2009 | A cores | 91 minutos
Em Mandarim, com legendas em Chinês e Inglês
Nota biográfica da realizadora:
FU Xinhua
FU Xinhua recusa seguir as convenções da indústria cinematográfica. Financia os filmes dela com os rendimentos de outros trabalhos, ao acumular poupanças para cada nova produção. No entanto, as suas obras nunca chegam às salas de cinema e resultam sempre em grandes prejuízos. Por isso, é forçado a interromper o trabalho criativo até reunir novamente os fundos necessários. O processo repete-se, numa espécie de ciclo de sacrifício e persistência. As suas longas-metragens, que mais parecem documentários, são cruas, realistas e provocam um desconforto inquietante. Ao mesmo tempo, possuem uma absurda coerência poética, pois FU continua, teimosamente, a acreditar no amor.